O eu inferior flui na brisa da fisicalista, mais ligado à energia da Terra e da materialidade, ao ânimo das emoções, aos cárceres mentais e aos vampiros dos desejos carnais, como o ódio, a mágoa, o egoísmo, o apego, as fobias, inseguranças, incertezas, preconceito, inveja, e assim por diante.
O Eu superior, metaforicamente, representa nossa parte divina, como uma centelha de luz que representa o fogo, ele procura conduzir e orientar o Eu inferior. Ligados ao Eu superior estão nossas virtudes, nossos sentimentos superiores, como o amor, a compreensão, a humildade, o desapego, o perdão e a tranquilidade.
A percepção e os pontos de vista de cada um desses aspectos do Eu são diferentes. O Eu superior tende a observar o mundo sob um ângulo mais espiritual. Já a parte inferior do Eu, está mais propensa a fixar-se nos panoramas teremos e preocupações físicas.
O Eu inferior tende a uma afinidade mais imediatista e comodista, de curto prazo com as coisas da vida. Ele propõe que, enquanto estamos aqui no mundo material, devemos cuidar apenas da vida material e deixar os assuntos espirituais para depois do regresso ao plano espiritual. O que está, a nosso ver, equivocado. Pois nosso objetivo na Terra, justamente, é zelarmos e tratar da nossa evolução espiritual. Uma encarnação pode ser comparada a um curso em uma escola ou universidade, a universidade da vida. Precisamos realizar as lições e aprender enquanto estamos fazendo o curso, não depois que o curso foi concluído.
O Eu superior nos orienta, conduz e induz ao progresso e avanço material, educacional e espiritual, que são os grandes objetivos do nosso existir. Ele reconhece o valor e importância de zelar pelos valores familiares, profissionais, tem consciência de que somos espíritos imortais em evolução e sabe que o corpo físico é apenas um instrumento do espírito para atuação nessa grande escola a qual damos o nome de Terra. O Eu superior busca inspirar o equilíbrio entre o material e o espiritual.
O eu inferior tende a agir como mandatário e chefe, seja no ambiente profissional ou familiar. Ele não pede, não propõe, ele manda. Equipes, subordinados, esposa, esposo, filhos, amigos, devem simplesmente obedecer ou haverá consequências. Já o eu superior se comporta à feição de um verdadeiro líder, com sabedoria, sugestões, troca de ideias e leveza. O Eu superior sabe que a autoridade do chefe foi delegada por alguém, já a sua, de líder, é autoridade de origem moral. À semelhança dos grandes mestres do passado, como Jesus, Buda, Mahatma Gandhi, o Eu superior ensina pelo exemplo, apontando o caminho sem exigir ser seguido. A compreensão do Eu inferior, no entanto, é extremamente importante, porquanto, ambos os Eus fazem parte de um Eu maior. A dualidade é parte da existência. A meta é educá-lo para que ele desbaste a pedra bruta, faça sua reforma íntima para que ambos em um só possam desenvolver a harmonia e a paz transformando-se em um Ser único, no Eu Maior.
Tomar consciência do Eu inferior é reconhecer a importância do seu papel na jornada evolutiva. É reconhecer que só saborearemos o pureza da água se soubermos o que é sede, que só apreciaremos a frescura do banho se estivermos sujos.
Quando damos atenção ao Eu inferior, nós nos permitimos conduzir pelas paixões humanas e prazeres terrenos ilusórios e passageiros, agrilhoando nosso progresso e nos expondo aos cárceres da dor e vampiros das emoções, que cedo ou tarde, nos farão refletir sobre um necessário despertar e mudança de conduta.
Se damos ouvido ao Eu superior, passamos a considerar o Universo como parte do Todo, em seus aspectos duais, o espírito e a matéria. Se damos ouvido ao Eu superior, cuidamos igualmente dos assuntos materiais e espirituais, zelando pelo constante equilíbrio. Se damos ouvido ao Eu superior, nós consideramos e refletimos sobre nossas escolhas, se produzem luz ou sombra, se iluminam o caminho ou se entorpecem a vontade de crescer espiritualmente, seguindo nossa jornada em direção ao Alto, ao Todo, ao destino final, de cuja natureza, apenas percebemos a silhueta.
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